“Sou (Joaquim) Taskha Yawanawa, líder do povo Yawanawa, que habita o Acre, na região sudoeste da Amazônia.Estamos aqui na COP 21, em Paris. Temos como propósito trazer a nossa mensagem em nome de seres encantados que não podem falar, como os animais, como os pássaros, como a floresta. Estamos aqui para falar por eles.”

Filho do cacique da tribo Yawanawa, Taskha nasceu no Acre. Aprendeu a falar a língua yawanawa, mas nunca soube escrevê-la. Sua cultura é passada de geração a geração somente por meio da palavra. Em Rio Branco, a capital acreana, aprendeu português na escola. Ali, conheceu o presidente da multinacional de cosméticos Aveda – interessado na principal fonte de atividade da tribo, a semente de urucum, cuja cor, o vermelho, os Yawanawas usam para pintar o corpo.

A parceria da empresa de cosméticos com os Yawanawas, hoje sob a liderança de Taskha, rende a exportação de quatro toneladas de urucum por ano para a multinacional, que também apoia outros projetos da tribo. A parceria com a Aveda rendeu igualmente uma bolsa de estudos para aprender inglês em Santa Bárbara, na Califórnia. Com isso, ele conseguiu se comunicar com os executivos da multinacional. Taskha ganhou ainda uma bolsa para estudar computação gráfica em San Francisco (EUA), onde conheceu a diretora da Centro de Documentação e Política dos Povos Indígenas da América (Saiic), a índia mexicana, Laura Soriano. Os dois namoraram e tiveram têm dois filhos. O casal se mudou para Taos, no Novo México, onde viveram por três anos até os Yawanawas pedirem pela volta de Taskha. A tribo enfrentava dificuldades.

Depois de retornar ao Brasil, o líder indígena escreveu e dirigiu um documentário sobre os Yawanawas. O filme de 56 minutos, distribuído em 9 línguas, concorreu ao prêmio de melhor documentário do Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em 2004.

Na sequência, lançou uma grife homônima à etnia, sob a supervisão da designer Adriana Aquino. A coleção de roupas e acessórios femininos, masculinos e infantis foi confeccionada pelas costureiras da Rocinha a partir das estampas dos desenhos milenares da tribo feitos pelas índias.

Além de desfiles no Fashion Mall, no Rio, a arte e a cultura do povo Yawanawa, da Aldeia Mutum, em Tarauacá, no Acre, também aportou em 2015 nas passarelas do São Paulo Fashion Week, a convite da marca Cavalera, que fechou contrato para uso dos desenhos da pajé Hushahu Yawanawa na nova coleção da grife.

O mostruário é composto por 40 peças, entre pulseiras, colares, tiaras e outros adornos que trazem a força da floresta e são inspiradas nos traços da borboleta e da jiboia. O uso dos desenhos pela grife Cavalera foi autorizado pela Associação Sociocultural Yawanawa.

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