O que mais está surpreendendo nessa COP21, em Paris, é o clima de tranquilidade. Eu, particularmente, acreditei antes de vir que seria uma grande confusão, inclusive por conta dos recentes atentados terroristas que tanto preocupavam o governo francês em relação à segurança do evento.

Um dia depois da abertura oficial da Conferência do Clima, no dia 30 de novembro, o desembarque no Charles de Gaulle levava apenas alguns minutos para passar pela imigração e chegar até a circulação interna do aeroporto internacional.

No mesmo voo de São Paulo para a capital francesa encontrei os ambientalistas Fábio Feldmann, João Paulo Capobianco (Instituto Democracia e Sustentabilidade – IDS), Tasso Azevedo (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima – SEEG) e Jussara Carvalho (ICLEI). Entre outros assuntos, conversamos sobre as expectativas e trocamos agendas.

Entrando no Le Bourget, a sede da chamada COP-21, que fica no departamento de Seine Saint-Denis e se tornou conhecido nas últimas semanas pela caçada aos terroristas que realizaram os atentados de Paris -, o clima era muito amistoso e de pessoas especialmente gentis para nos recepcionar. As obras da exposição Arca de Noé dominavam os corredores para os pavilhões, onde diversas equipes trabalhavam e conviviam em espaços de comunicação e pavilhões temáticos, como um especialmente dedicado às mídias e um outro temático para os países.

Confesso que senti vergonha do estande do Brasil, porque fizeram algo tão acanhado, para falar o mínimo. Contenção de gastos certamente não é, já que além de ser o espaço mais importante para mostrar o nosso protagonismo, os gastos em outras áreas da viagem da delegação oficial mostram o contrário. Enfim… assumimos o protagonismo na ECO92 e nos últimos anos perdemos qualquer bom senso nessa área.

Até na Rio+20 passamos pelo constrangimento de adiar o evento em oito dias – anunciado apenas 6 meses antes – que tradicionalmente honra a data de 5 de junho desde 1972, quando ocorreu a Conferência de Estocolmo. E por que mudamos? O motivo foi a coincidência com as comemorações dos 60 anos de coroação da rainha Elizabeth II. Com o objetivo de garantir a presença de número significativo de chefes de Estado e de governo, Dilma solicitou a mudança. Imagina as milhares de pessoas do mundo inteiro tendo que alterar sua viagem internacional? Bem voltemos a Paris.

Ainda no complexo da COP, o espaço La Galerie (des Solutions), apesar de interessante e criado para permitir que os negociadores diplomáticos no evento apoiem as negociações com a prova concreta de que as soluções de baixo carbono existem -, tem mais o tom de uma feira tradicional.
Ali estão expostas soluções alternativas nas áreas da construção, produção, transporte, ou o desenvolvimento e operação. Faltou mais sustentabilidade na estrutura e montagem do espaço, parecia mais do mesmo. E, na pequena área reservada para palestras ter uma boa programação, não condiz com o prometido perla organização da COP.

Já o espaço “Generations CLIMAT” é sensacional. Voltado à sociedade civil, ele te fisga do começo ao fim, você simplesmente não consegue sair de cada estande ou sala de palestras. Assisti as palestras do #Climate is Water – soluções para o futuro no auditório Nelson Mandela, promovido pelo “The Alliance for Global Water Adaptation (AGWA), que foram muito animadoras. A única coisa que deixou a desejar foi o espaço para almoço, com filas de uma hora, pois têm apenas dois restaurantes. Ninguém ficou feliz com isso, e não combinava com a proposta do resto do pavilhão.

No Pavillion D’Eau (Pavilhão da Água), assisti na quarta-feira (2/12) o documentário brasileiro “A Lei da Água”. Encontrei com pessoas muito queridas na plateia. O filme mobilizou principalmente os franceses. Após a exibição do filme, aconteceu um debate com a direção da obra. Entre um e outro, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado deu um depoimento muito forte sobre a importância das revelações do documentário e da tragédia que aconteceu no Rio Doce – o acidente com o vazamento da barragem da Samarco em Mariana (MG em novembro último. Ele disse que a área afetada é do tamanho de Portugal. Falou também que a COP21 é ‘uma mentira’. Sem querer tirar suas palavras do contexto, foi um desabafo muito emocionante e comovente.

Na sequência, o diretor André D’Elia e o produtor Fernando Meirelles, o ambientalista Mario Mantovani (SOS Mata Atlântica) e convidados debateram o filme. A Lei da Água deixa claro a surreal história do Código Florestal que destruiu nossas florestas, nossa água, nossa moral e principalmente nossa ética.

Parabéns a todos envolvidos nesse projeto de conscientização, cuja exibição deveria ser obrigatória nas escolas para reflexão sobre esse preciso recurso natural tão ameaçado, sobretudo pelo homem. A COP21 continua e, em breve, trarei mais novidades, acompanhe pelo nosso blog (COP21.com.br) e pela nossa página no Facebook .

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